sábado, 14 de abril de 2012


"Campanha contra estupro causa polêmica. Por que será?"
http://blogueirasfeministas.com/2011/07/campanha-estupro-polemica/
A parte que está entre aspas foi retirada do artigo publicado no endereço acima, de autoria de Renata Lima


Ano passado foi noticiada nos jornais brasileiros uma campanha realizada pela Marinha dos EUA. Esta campanha "começou diante da existência de números alarmantes de estupros cometidos, pasmem, não por desconhecidos, mas por colegas de farda".

Por que a polêmica?
"A resposta, infelizmente, é que, ao tirar a responsabilidade da vítima do estupro, e colocá-la sobre o estuprador, rompe-se toda uma lógica construída…"






Que lógica?
"A imagem do estuprador como a de um “serial killer”, ou seja, uma personalidade psicótica ou perversa, que vai atacar independente de quantas campanhas sejam feitas, que não tem cura nem tratamento, ajuda a perpetuar essa justificativa: se se trata de um “animal”, logo, cabe à vítima se prevenir, não “provocando” os instintos irrefreáveis do “monstro”, ou seja, não saindo sozinha, não se vestindo de forma provocativa, não conversando com desconhecidos, coisas do gênero (falando claramente: sendo uma moça comportada)".

Mas, a verdade sobre o estupro é bem diferente:

"Contudo, a maioria do estupros é praticada por pessoas que conhece a vítima, e que muitas vezes com ela tem até relações de intimidade. O crime é cometido por pessoas que não são “monstros”. Que, ao serem acusados de estupro, se defendem e são defendidos, pela sociedade em geral, como sendo “pais de família, honestos, trabalhadores, decentes, religiosos, bons filhos, bons maridos” etc, et al, ad nauseam."

E, mesmo diante de situações tão opostas, ou seja, dos “monstros” vs. “bons cidadãos”, a situação de culpar a vítima é o que sempre ocorre. Não só culpar a vítima, mas ridicularizar e menosprezar qualquer tentativa de romper com a lógica perversa que foi construída.

(...)
Essa sempre é a parte mais complicada de explicar: o estupro é uma manifestação de poder, não simplesmente de sexo (claro, de sexo também, porque, em nossa sociedade, sexo é colocado, exposto e vendido como uma relação de poder, logo… entenda a lógica d@s machistas como conseguir, porque eu, sinceramente, não entendo…)

Se a mulher é bonita, “gostosa”, jovem, logo, merece ser estuprada.

Se é “feia”, gorda, velha, logo, o estupro é um favor.

Feia ou bonita, jovem ou velha, não importa, se estava vestida para ir ao culto, ao trabalho, à escola, à boate, ao bar, ao cinema, ao motel, não importa: a culpa é sempre nossa.
(...)
Sim, nós, mulheres, temos que nos conscientizar que temos sim, que denunciar.
Mas, mais ainda, temos que sempre, sempre, sempre, lutar para mudar a cultura machista e opressora".


Bom, só o fato de podermos falar abertamente sobre isso (a culpabilização da vítima e a desresponsabilização do estuprador) já indica que avançamos.

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