segunda-feira, 7 de maio de 2012

Sexualização extrema da imagem das mulheres - tudo para o lucro fácil dos empresários


Uma enxurrada de imagens pornografizadas de mulheres. Fotos, photoshop, desenhos, representações.

Tudo contribui para formar, na cabeça das pessoas, uma ideia de que, ao olhar para um ser do sexo feminino, você deve mirar direto na bunda ou nos seios.

Afinal, pelo discurso midiático, parece que é só isso que "esses seres" são, né? Um objeto de decoração para agradar/satisfazer olhares (olhares CONSTRUÍDOS por esta mesma mídia).

As mensagens para as meninas/mulheres são contraditórias: "seja bonita", "seja gostosa", "seja sensual", "use seu charme para conseguir as coisas", "não seja vulgar", "não use decote", "não seja 'estuprável' ".

SOLUÇÃO?
NÃO aceite que a MÍDIA ou outros te digam O QUE/COMO ser, fazer, vestir etc.
Questione as revistas, as propagandas, inclusive aquelas disfarçadas em "conselhos" dados em programas.
Questione a "bundização" da TV.

E, MAIS IMPORTANTE: 
NÃO julgue nenhuma mulher pela APARÊNCIA, nem pelo modo como ela se veste.



Teste de Percepção
Hoje enxergamos essas poses como a coisa mais "natural" do mundo, não?



As POSES FORÇADAS das  SUPERHEROÍNAS nos QUADRINHOS
nos revelam a manipulação
nas imagens midiáticas de mulheres

Nossa percepção está tão afetada pela pornificação das mulheres (cultura da pornografia espalha-se por todas as imagens midiáticas de mulheres), que nem a percebemos mais.

OBSERVE AS IMAGENS ABAIXO:








NÃO PARECE TER NADA MUITO ESTRANHO OU DIFERENTE NESSAS IMAGENS,
EM COMPARAÇÃO COM O QUE VEMOS DIARIAMENTE NA TV, NÉ?

Agora, veja só como este exercício de INVERSÃO torna EVIDENTE
a "forçação de barra", o exagero, nas representações de mulheres.


COMO SERIA
SE OS SUPERHEROIS HOMENS
FOSSEM RETRATADOS
NESSAS POSES EXAGERADAS?

CLIQUE ABAIXO PARA VER

sábado, 5 de maio de 2012

EROTISMO DE UM SÓ SENTIDO




Escrito e publicado por Adília Maria Gaspar em:


Ao analisar o erotismo enquanto exploração dos sentimentos e emoções despertadas pelo sexo, Shulamith Firestone chegou a conclusões interessantes, autênticas descobertas para a época, se lembrarmos que publicou o livro no início da década de setenta do século passado. Com extraordinária perspicácia, conseguiu verbalizar e objectivar aquilo que muitas mulheres sentiam e sentem mas não conseguem exprimir e desse modo fica resguardado numa espécie de limbo. Atrevo-me a dizer que, ainda hoje, a maior parte das mulheres e homens teriam muito a ganhar no sentido de viverem vidas mais felizes e realizadas, se lhe dessem alguma atenção.

Firestone mostrou que o erotismo, tal como é expresso na literatura, cinema, publicidade, pornografia e muitas outras formas difusas de transmitir e comunicar mensagens, é diretamente dirigido aos homens – eles são o público-alvo. O erotismo estimula constantemente a sua sexualidade e leva-os a perceberem as mulheres como objetos de “amor”, conseguindo, em simultâneo que as mulheres se identifiquem com essa percepção. É pois sempre um erotismo de um só sentido, nunca visa estimular diretamente as mulheres; implicitamente, o prazer delas é sempre entendido como um prazer vicariante*: elas têm prazer não em desejarem os homens mas em sentirem que são desejadas por eles.

De facto, basta darmos atenção á publicidade e pornografia main stream para constatarmos que o erotismo é diretamente dirigido aos homens, não às mulheres: são sempre as mulheres que são objetificadas, nunca os homens. Com tal saturação* de imagens e de narrativas, também facilmente se percebe como as mulheres acabam por interiorizar essa objetificação.

Que é o prazer do homem que está em questão talvez pareça mais problemático; mas se percebermos que o suposto prazer que as mulheres parecem experimentar decorre de atos que esses sim indubitavelmente dão prazer ao homem, talvez comecemos a entender como as coisas funcionam e como se está perante uma mistificação: o que importa é o prazer do homem, mas convém parecer que o prazer da mulher é coincidente com o dele. No limite o que se desejaria é que a mulher tivesse autêntico e real prazer com tudo o que dá prazer ao homem; mas se as coisas não se passarem exatamente dessa maneira, desde que se salvem as aparências, também não é assim tão relevante. Afinal elas nem reclamam!

Curiosamente, acontece com o sexo o que acontece com o amor, assim como o homem idealiza a mulher que ama, de tal modo que se pode dizer que não ama a mulher mas antes uma projeção ideal dele próprio, também em termos sexuais constrói o seu prazer com base numa ficção sobre aquilo que dá prazer à mulher que de facto é aquilo que lhe dá prazer a ele.

Deste modo, o erotismo tal como se expressa funciona como instrumento de reforço daquilo a que Firestone chamou sistema de classes sexuais, mais comummente conhecido como sistema de supremacia masculina.


* vicariante: que substitui outro.
   (Dicionário de português: http://www.priberam.pt/DLPO/Default.aspx)

* saturaçãoestado de saturado; saciedade   saturado: completamente cheio; repleto, abarrotado   (Dicionário Houaiss)